Olá a todos,
Hoje acompanhei durante todo o dia o Enfermeiro José Vieira, especialista em Saúde Materna e Obstétrica. Segundo estimativas dele, entre 60 e 70% das consultas de pré-natal da região do Algarve são realizadas no sistema particular. Entretanto o número da assistência pública tende a subir, devido à crise financeira que se instala.
Existe hoje em Faro uma população muito grande que não possui médico de família. A unidade Ria formosa, além do acompanhamento das grávidas pertencentes à população assistida, realiza o acompanhamento extra das grávidas que não estão cadastradas a nenhuma unidade de saúde. O fazem em horários extras, ganhando para isto. Isto também acontece com algumas patologias (HAS e DM, por exemplo).
Consultório do Enfermeiro José Vieira |
Consultório do Enfermeiro José Vieira |
O enfermeiro faz o acolhimento da gestante à unidade com a primeira consulta; realiza atividades educativas e informativas; orienta individualmente as gestantes quanto a alimentação, modificações maternas durante a gravidez, situações de risco, etc; e faz o acompanhamento e a vigilância da gestação de baixo risco. As consultas são muito detalhadas e bem humanizadas. É ele quem faz todo o exame e registra tudo no cartão da gestante. Ao final da consulta ele leva a gestante para o consultório da médica e apresenta o caso. Não acompanhei a consulta médica em seguida. Mas eventuais situações de risco, ou queixas da paciente que necessitem intervenções, são repassadas para a médica. Portanto, no mesmo dia, a gestante passa por ele e pela médica. Não sei se de fato é o mais prático. Talvez intercalar uma consulta com a enfermagem e a medicina, como na unidade que acompanhava no Brasil, pouparia tempo.
Algo que achei interessante. Foi pedido para a paciente nos exames de rotina o grupo sanguíneo. A paciente veio com o resultado O negativo, já com o coombs indireto realizado (no caso, positivo) e com consulta marcada no serviço de alto risco. Pelo que eu entendi, quando o sistema Rh é negativo eles automaticamente fazem o coombs e, se positivo, já marcam a paciente para o serviço de alto risco. Legal, evita burocracia. No Brasil, pelo que acompanhei, seria um filme: a paciente voltaria com o Rh negativo em uma segunda consulta e só então o médico pediria o coombs. Em caso de commbs indireto positivo, só em uma terceira consulta a paciente seria referenciada para o alto risco.
Outra diferença com o nosso sistema de saúde: todas as gestantes fazem duas USG no pré-natal (claro, duas quando a gravidez é diagnosticada e acompanhada do início). Independente se é uma gravidez de baixo risco, com 35 semanas todas tem uma consulta no serviço especializado (Hospital de Faro) onde fazem USG morfológico, pesquisa de Streptococos B na vagina e vitalidade fetal. Sabe-se hoje que não existe nenhuma evidência científica de que a USG de rotina tenha alguma modificação na morbidade e mortalidade peri-natal ou materna, salvo nas situações clínicas específicas onde são indicadas. No Brasil a USG no pré-natal de baixo risco não é obrigatória e só é feita se houver disponibilidade.
Uma curiosidade que cairia como uma luva para o Brasil: fiquei sabendo durante uma consulta que aqui em Portugal não se pode colocar o nome que quiser na criança, existe uma lista de nomes possíveis. Interessante, no Brasil evitaria nomes exóticos cheios de y, w, consoantes dobradas e outras coisas mais. rs!
No período da tarde acompanhei uma palestra para as gestantes sobre o pré-parto, também do Enfermeiro José vieira. Abordou temas como sinais iniciais do trabalho de parto e como a gestante deve fazer para reconhecê-lo; como reconhecer situações de urgência que devam ir ao hospital imediatamente; o que fazer no início do trabalho de parto e o que levar para o hospital; situações que interferem no trabalho de parto; as fases do parto em si e o que vai acontecer no hospital passo a passo; até o puerpério. Muito interessante, porque trabalha muito a preparação psicológica do casal para esse evento. A palestra foi bem legal, com recursos áudio-visuais e uso de modelos para ilustrar.
Sala da palestra (Obs.: a apresentação da foto não foi a da palestra) |
Amanhã participarei da segunda reunião de PBL na Universidade do Algarve.
Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça
Olá Iatan!
ResponderExcluirSou Enfermeira Obstetra e gostava de saber mais sobre o trabalho de vigilância da gravidez de baixo risco no Brasil. Já ouvi falar das casa de parto e no parto humanizado, bem à semelhança do Reino Unido... mas gostava de saber se de facto fazer preparação para o parto natural e se o Enfermeiro Obstetra tem autonomia para fazer a vigilância da gravidez de baixo risco.
Muito obrigada pela atenção!
Abraço
Olá,
ResponderExcluirO enfermeiro obstetra que acompanhei realizava a vigilância do pre Natal de baixo risco juntamente com o medico, em consultas seguidas, no mesmo dia... O enfermeiro atendia inicialmente a paciente e posteriormente ela passava pelo medico... Como comentei acima, penso que e uma perda de tempo, duas consultas seguidas... Entendo que esse acompanhamento pode sim ser feito em conjunto por uma equipe interdisciplinar, com um ótimo dialogo entre os diferentes profissionais.