quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PBL / UNIVERSIDADE DO ALGARVE

Olá a todos,

Hoje assisti a segunda reunião de PBL com alunos do segundo ano de medicina da Universidade do Algarve. As turmas de 32 pessoas são divididas em 4 grupos de PBL, cada um com um tutor. Como dito anteriormente, as reuniões são realizadas as segundas e quintas e geralmente duram cerca de três horas.

A forma de construção do conhecimento médico é muito diferente. Diferentemente do tradicional, os alunos são mais ativos no processo e a fala não é unidirecional, ou seja, toda a responsabilidade da aprendizagem passa a ser dos próprios alunos. O papel do tutor é simplesmente coordenar o trabalho dos alunos. Percebi que os tutores possuem um roteiro e aos poucos vão introduzindo pontos de discussão, sem tirar a liberdade de condução do grupo. Portanto, através da busca de informações para resolver problemas que são trazidos nos casos clínicos, os alunos vão ao encontro dos conhecimentos médicos. Eventualmente os PBL são complementados com uma ou outra palestra específica que os tutores e os alunos acharem necessário.

A resolução de cada caso clínico dura uma semana. Na segunda metade da reunião de segunda-feira têm-se uma hora e meia para o início de um novo caso. O grupo lê o caso clínico (em geral um paciente com sinais e sintomas bem inespecíficos), faz uma breve análise e em seguida levanta hipóteses para o mesmo. A partir da discussão aparece uma série de pontos. Os pontos em que forem surgindo dúvidas são agrupados em uma lista de objetivos a serem discutidos na próxima reunião. Os estudantes têm até a quinta-feira para buscarem as informações. Na quinta-feira passam as três horas do encontro dissecando o caso clínico, melhorando as hipóteses e descartando outras. À medida que os alunos vão caminhando no caso o tutor vai repassando informações adicionais como exame físico, exames complementares, evolução do caso, etc. A lista de objetivos vai sendo atualizada no decorrer do caso, eliminando dúvidas ultrapassadas e acrescentando novas questões. Na outra segunda-feira, na primeira metade da reunião, a discussão do caso chega ao fim com o encerramento do mesmo. Na reunião que participei foi passado o caso de uma senhora de 70 anos que foi ao optometrista (As ametropias não são vistas por médicos aqui) queixando-se de baixa acuidade visual para perto e para longe e que há dez anos não trocava de óculos. E a partir das hipóteses apresentadas começou-se a levantar objetivos para estudo, como anatomia e fisiologia da visão; Tabela de Snellen; as ametropias; catarata; glaucoma. Notem que de um simples caso abre-se um leque muito grande para investigação (Me falaram que não dei sorte, peguei um caso sem graça, pois geralmente os casos parecem novelas mexicanas, cheios de detalhes. rs). Na mesma reunião tratam da anatomia, fisiologia, patologia, clínica, exames complementares, tratamento, etc etc. Segundo os alunos o curso segue um aspiral, e sempre passam por pontos próximos que permitem revisar e aprofundar conhecimentos. É bem interessante ver na prática que todo o processo de formação depende exclusivamente do esforço e da responsabilidade de cada um em buscar por si o conhecimento, assim como deveria ser em todos os métodos. Entretanto, percebo que muitas vezes o método tradicional, que desde cedo somos acostumados, tornam-nos passivos e expectantes.

Todos da Universidade foram bem receptivos.
Metade do segundo ano do curso de medicina da Universidade do Algarve

Grande abraço
Iatan Rezende Medonça

2 comentários:

  1. Iatan, mais uma vez parabéns pelo blog. Está sendo uma verdadeira novela acompanhar suas narrativas todos os dias. Fico ansioso quando perco um capítulo. Por outro lado, estou surpreso e feliz com sua habilidade de narração. Acho que vai dar até para publicar um livro (rsrs).
    Bom, quanto ao método PBL, concordo com você que o método faz com que os alunos sejam autores principais no seu processo de aprendizagem e que o método tradicional muitas vezes tolhe esta capacidade. Talvez seja por isso que eu não goste de dar aulas, é muito melhor mostrar caminhos. Mas temos também as resistências por parte dos alunos que relutam em construir seus caminhos (algo que não é proibido no método tradicional). Bom, mais uma vez parabéns.
    Um abraço,
    Itágores.

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  2. Livro não sei, mas se sair pelo menos algum relatinho eu fico feliz..rs. Valeu pela idéia do blog professor, estou gostando.
    Grande abraço

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