sexta-feira, 28 de outubro de 2011

USF RIA FORMOSA / SAÚDE INFANTIL

Olá a todos,

Hoje o dia foi mais tranquilo. No período da manhã acompanhei a Dra. Pilar Marquez em consultas de saúde infantil. Eles fazem o acompanhamento e vigilância das crianças de 0 a 14 anos. Acompanhei consultas de puericultura (praticamente igual a que nós conhecemos, a carteirinha da criança é bem semelhante) e também consultas por queixas específicas. Houve apenas quatro atendimentos. A unidade de saúde também faz carteira adicional para saúde infantil, assim como para o pré-natal de baixo risco, recebendo extra por isso; como já dito, o número de famílias sem acompanhamento por uma equipe de saúde da família em Faro é grande.

O sistema de prontuário digital é muito bom, bem organizado, todas as receitas já saem digitalizadas e com código de barras, todos os motivos de atendimento ficam registrados com códigos, etc. É legal, dá para, por exemplo, ver quais e quantos foram os medicamentos prescritos pela unidade em um determinado tempo e por aí vai. Entretanto há um porém, depende sempre da boa vontade do servidor. E quando o sistema fica fora do ar? e aí, como saber a história do paciente? está tudo ali... Hoje, particularmente, estava péssimo. Imagina você realizar uma consulta imensa, transcrever vários exames para o computador, descrever todo o exame físico, prescrever os medicamentos necessários e, na hora de finalizar a consulta e salvar... o sistema cai! Todo o trabalho jogado fora. Sem falar no tanto que é horrível você dividir a atenção entre o paciente e o computador. Acho que o médico acaba gastando mais tempo com o sistema do que escutando de fato o paciente, que é o maior objetivo da consulta. Eu, particularmente, prefiro o bom e velho casal: o papel e a caneta!

A tarde tinha programado para ir assistir uma aula de osteoporose que o Professor Luis Felipe iria ministrar para o primeiro ano do curso de medicina da UALG; entretanto fiz uma pequena confusão, pois a aula na verdade será na próxima sexta, dia quatro de novembro. Enfim... valeu para eu programar o roteiro do final de semana. Amanhã irei conhecer Sevilha; voltarei na segunda. Terça feira começo a acompanhar o serviço de Tavira. Portanto, até terça.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PBL / UNIVERSIDADE DO ALGARVE

Olá a todos,

Hoje assisti a segunda reunião de PBL com alunos do segundo ano de medicina da Universidade do Algarve. As turmas de 32 pessoas são divididas em 4 grupos de PBL, cada um com um tutor. Como dito anteriormente, as reuniões são realizadas as segundas e quintas e geralmente duram cerca de três horas.

A forma de construção do conhecimento médico é muito diferente. Diferentemente do tradicional, os alunos são mais ativos no processo e a fala não é unidirecional, ou seja, toda a responsabilidade da aprendizagem passa a ser dos próprios alunos. O papel do tutor é simplesmente coordenar o trabalho dos alunos. Percebi que os tutores possuem um roteiro e aos poucos vão introduzindo pontos de discussão, sem tirar a liberdade de condução do grupo. Portanto, através da busca de informações para resolver problemas que são trazidos nos casos clínicos, os alunos vão ao encontro dos conhecimentos médicos. Eventualmente os PBL são complementados com uma ou outra palestra específica que os tutores e os alunos acharem necessário.

A resolução de cada caso clínico dura uma semana. Na segunda metade da reunião de segunda-feira têm-se uma hora e meia para o início de um novo caso. O grupo lê o caso clínico (em geral um paciente com sinais e sintomas bem inespecíficos), faz uma breve análise e em seguida levanta hipóteses para o mesmo. A partir da discussão aparece uma série de pontos. Os pontos em que forem surgindo dúvidas são agrupados em uma lista de objetivos a serem discutidos na próxima reunião. Os estudantes têm até a quinta-feira para buscarem as informações. Na quinta-feira passam as três horas do encontro dissecando o caso clínico, melhorando as hipóteses e descartando outras. À medida que os alunos vão caminhando no caso o tutor vai repassando informações adicionais como exame físico, exames complementares, evolução do caso, etc. A lista de objetivos vai sendo atualizada no decorrer do caso, eliminando dúvidas ultrapassadas e acrescentando novas questões. Na outra segunda-feira, na primeira metade da reunião, a discussão do caso chega ao fim com o encerramento do mesmo. Na reunião que participei foi passado o caso de uma senhora de 70 anos que foi ao optometrista (As ametropias não são vistas por médicos aqui) queixando-se de baixa acuidade visual para perto e para longe e que há dez anos não trocava de óculos. E a partir das hipóteses apresentadas começou-se a levantar objetivos para estudo, como anatomia e fisiologia da visão; Tabela de Snellen; as ametropias; catarata; glaucoma. Notem que de um simples caso abre-se um leque muito grande para investigação (Me falaram que não dei sorte, peguei um caso sem graça, pois geralmente os casos parecem novelas mexicanas, cheios de detalhes. rs). Na mesma reunião tratam da anatomia, fisiologia, patologia, clínica, exames complementares, tratamento, etc etc. Segundo os alunos o curso segue um aspiral, e sempre passam por pontos próximos que permitem revisar e aprofundar conhecimentos. É bem interessante ver na prática que todo o processo de formação depende exclusivamente do esforço e da responsabilidade de cada um em buscar por si o conhecimento, assim como deveria ser em todos os métodos. Entretanto, percebo que muitas vezes o método tradicional, que desde cedo somos acostumados, tornam-nos passivos e expectantes.

Todos da Universidade foram bem receptivos.
Metade do segundo ano do curso de medicina da Universidade do Algarve

Grande abraço
Iatan Rezende Medonça

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

USF RIA FORMOSA / PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO

Olá a todos,

Hoje acompanhei durante todo o dia o Enfermeiro José Vieira, especialista em Saúde Materna e Obstétrica. Segundo estimativas dele, entre 60 e 70% das consultas de pré-natal da região do Algarve são realizadas no sistema particular. Entretanto o número da assistência pública tende a subir, devido à crise financeira que se instala.

Existe hoje em Faro uma população muito grande que não possui médico de família. A unidade Ria formosa, além do acompanhamento das grávidas pertencentes à população assistida, realiza o acompanhamento extra das grávidas que não estão cadastradas a nenhuma unidade de saúde. O fazem em horários extras, ganhando para isto. Isto também acontece com algumas patologias (HAS e DM, por exemplo).

Consultório do Enfermeiro José Vieira

Consultório do Enfermeiro José Vieira

O enfermeiro faz o acolhimento da gestante à unidade com a primeira consulta; realiza atividades educativas e informativas; orienta individualmente as gestantes quanto a alimentação, modificações maternas durante a gravidez, situações de risco, etc; e faz o acompanhamento e a vigilância da gestação de baixo risco. As consultas são muito detalhadas e bem humanizadas. É ele quem faz todo o exame e registra tudo no cartão da gestante. Ao final da consulta ele leva a gestante para o consultório da médica e apresenta o caso. Não acompanhei a consulta médica em seguida. Mas eventuais situações de risco, ou queixas da paciente que necessitem intervenções, são repassadas para a médica. Portanto, no mesmo dia, a gestante passa por ele e pela médica. Não sei se de fato é o mais prático. Talvez intercalar uma consulta com a enfermagem e a medicina, como na unidade que acompanhava no Brasil, pouparia tempo. 

Algo que achei interessante. Foi pedido para a paciente nos exames de rotina o grupo sanguíneo. A paciente veio com o resultado O negativo, já com o coombs indireto realizado (no caso, positivo) e com consulta marcada no serviço de alto risco. Pelo que eu entendi, quando o sistema Rh é negativo eles automaticamente fazem o coombs e, se positivo, já marcam a paciente para o serviço de alto risco. Legal, evita burocracia. No Brasil, pelo que acompanhei, seria um filme: a paciente voltaria com o Rh negativo em uma segunda consulta e só então o médico pediria o coombs. Em caso de commbs indireto positivo, só em uma terceira consulta a paciente seria referenciada para o alto risco.

Outra diferença com o nosso sistema de saúde: todas as gestantes fazem duas USG no pré-natal (claro, duas quando a gravidez é diagnosticada e acompanhada do início). Independente se é uma gravidez de baixo risco, com 35 semanas todas tem uma consulta no serviço especializado (Hospital de Faro) onde fazem USG morfológico, pesquisa de Streptococos B na vagina e vitalidade fetal. Sabe-se hoje que não existe nenhuma evidência científica de que a USG de rotina tenha alguma modificação na morbidade e mortalidade peri-natal ou materna, salvo nas situações clínicas específicas onde são indicadas. No Brasil a USG no pré-natal de baixo risco não é obrigatória e só é feita se houver disponibilidade.

Uma curiosidade que cairia como uma luva para o Brasil: fiquei sabendo durante uma consulta que aqui em Portugal não se pode colocar o nome que quiser na criança, existe uma lista de nomes possíveis. Interessante, no Brasil evitaria nomes exóticos cheios de y, w, consoantes dobradas e outras coisas mais. rs!

No período da tarde acompanhei uma palestra para as gestantes sobre o pré-parto, também do Enfermeiro José vieira. Abordou temas como sinais iniciais do trabalho de parto e como a gestante deve fazer para reconhecê-lo; como reconhecer situações de urgência que devam ir ao hospital imediatamente; o que fazer no início do trabalho de parto e o que levar para o hospital; situações que interferem no trabalho de parto; as fases do parto em si e o que vai acontecer no hospital passo a passo; até o puerpério. Muito interessante, porque trabalha muito a preparação psicológica do casal para esse evento. A palestra foi bem legal, com recursos áudio-visuais e uso de modelos para ilustrar.

Sala da palestra (Obs.: a apresentação da foto não foi a da palestra)

Amanhã participarei da segunda reunião de PBL na Universidade do Algarve.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

terça-feira, 25 de outubro de 2011

USF RIA FORMOSA / VISITAS DOMICILIARES

Olá a todos,

Como prometido, um pouco da infra-estrutura da USF Ria Formosa:

Consultório médico
Antigamente o prédio desta unidade era um centro referência para o tratamento de tuberculose, já desativado há algum tempo. O edifício foi totalmente revitalizado e equipado. Possui nove consultórios modernos, quatro para médicos, quatro para seus respectivos enfermeiros e um para o enfermeiro especialista em saúde da mulher; duas recepções, sendo uma em cada andar; uma sala de procedimentos muito equipada, com carrinho de parada, vários medicamentos para situações de emergência, foco, maca eletrônica, etc etc; uma sala de reuniões com recursos audiovisuais; elevador para o primeiro andar; copa; e por aí vai... Seguem fotos.

Maca infantil
Maca eletrônica
Sala de reuniões
Consultório de enfermagem, saúde infantil

Sala de espera infantil
Recepção do primeiro piso
Sala de procedimentos

Sala de procedimentos

A unidade, como dito antes, atende cerca de 12000 pessoas, com todos os programas já citados no relato anterior. No último levantamento feito no primeiro semestre de 2011 tinham: 1472 hipertensos (15,8% da população); 502 diabéticos (4,5% da população); 1820 crianças em puericultura; 52 gestantes acompanhadas, 25 não acompanhadas e 4 referenciadas para serviço de alto risco; além de planejamento familiar; rastreios; e visitas domiciliares. Possuem internos e residentes.

Algo curioso que achei bem interessante: os usuários do sistema de saúde pagam coparticipações em consultas, exames, alguns remédios, etc. Por exemplo, uma consulta médica tem uma coparticipação do usuário de 2 euros. Existem algumas patologias e situações que estão isentas das coparticipações, como diabéticos e gestantes. A Dra. Assunção acha que provavelmente isto irá mudar, entrando um critério de renda. Isto é muito interessante, imagina se cada usuário aí no Brasil tivesse que pagar 5 reais por consulta, será que a segunda feira estaria tão lotada de “dores exóticas difusas e vagas” em busca de ATESTADOS MÉDICOS? Acho que seria muito bom se associassem um critério de renda e de certas patologias e situações clínicas que necessitam de remédios, consultas e exames continuamente para iniciar a cobrança destas coparticipações no SUS. Algo a se pensar.

Hoje fizemos algumas visitas domiciliares. Uma busca ativa a uma criança de 5 anos que há 3 anos não ia às consultas de puericultura e dois idosos acamados. Em especial, o caso de uma senhora muito debilitada que vive sozinha e em condições subumanas, me chamou à atenção. Tem graves dificuldades de deambulação e vive com ajudas dos vizinhos. Chegamos à residência e nos deparamos com um cenário bem feio, com fezes no chão, a paciente despida por falta de roupas, deitada em um colchão úmido e sujo, comidas estragadas em cima da mesa, casa sem nenhuma janela, etc etc. Já faz seis meses que a equipe descobriu esta senhora e tenta ajudá-la através do serviço social, mas nunca tiveram resposta e contra-partida. Quando a encontraram, estava com diabetes descontrolado e hipertensa, e medicaram-na. Hoje ela está controlada, mas... .Segundo a Dra. Assunção já é um caso jurídico.

Amanhã passarei o dia com o enfermeiro José Vieira acompanhando consultas pré-natais no período da manhã e orientações e preparo pré-parto à tarde.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR RIA FORMOSA - FARO

Olá a todos,

Hoje comecei a acompanhar a Unidade de Saúde da Família Ria Formosa, em Faro. Fui recepcionado pela Dra. Assunção Martinez, coordenadora da unidade. É uma extensão do Centro de Saúde de Faro. Possui quatro equipes trabalhando. As equipes são bem diferentes das que nós temos no Brasil; aqui uma equipe é composta apenas por um médico, um enfermeiro e um funcionário administrativo. Essa unidade, particularmente, possui um enfermeiro a mais, especialista em saúde da mulher e que realiza parte do acompanhamento pré-natal e no preparo pré-parto (nesta quarta feira passarei o dia com ele, depois posto a experiência).
 
Cada médico possui aproximadamente 1700 pacientes para acompanhar. Têm uma carga horária de 42 horas semanais, das quais 36 são dedicadas aos pacientes que segue e 6 são para intersubstituição. Intersubstituição significa: todos os dias, a partir das duas horas, fica um médico de plantão para cobrir eventuais faltas, ou mesmo quando algum médico não consegue atender toda a demanda que chega no dia ou eventual caso de urgência que não há como remarcar.

O sistema é todo informatizado, sendo que cada profissional tem um computador com impressora em seu consultório. As consultas são feitas diretamente no sistema (com o método de registro SOAP) e as receitas são impressas. Todos os motivos de consulta já ficam armazenados no sistema com um código, podendo facilmente fazer um levantamento epidemiológico e um diagnóstico situacional da área assistida, apenas uns cliques e pronto.

A respeito do espaço físico, eu posto alguma coisa amanhã, pois as pilhas da máquina acabaram quando fui tirar as fotos do interior hoje.

A organização da atenção, como disse em um relato anterior, é muito semelhante com o Brasil. Possuem dias específicos para consultas agendadas, consultas de diabéticos e hipertensos, para puericultura, pré-natal e também para visitas domiciliares. O número de pacientes atendidos por dia varia de acordo com a demanda; a Dra. Assunção falou que enquanto tiver tempo ela atende. Entretanto eles tentam marcar uma média de 3 usuários por hora, aproximadamente.

Uma consulta me chamou a atenção hoje, e que retrata uma diferença com as USF do Brasil. Um paciente chegou com queixas de problemas dentários, com inúmeras cáries, com o mento edemaciado etc etc, pedindo para ser referenciado para o serviço especializado. Aqui, a fila de espera para dentista está mais de 8 meses. Infelizmente a médica só pôde passar sintomáticos e referenciar alertando para a espera. Se o paciente quiser realmente resolver seu problema terá que ir ao particular, que é bastante caro aqui (segundo informações da médica), ainda mais em tempos de crise financeira. Em Palmas a maioria das unidades possui o seu dentista.

Hoje Participei de uma reunião do PBL na Universidade do Algarve. Foi muito bom. São duas reuniões na semana, onde na segunda-feira eles fecham um caso e abrem outro, e na quinta-feira discutem o caso aberto na semana. Quinta-feira eu irei novamente à reunião para acompanhar a evolução do caso. Depois posto sobre as reuniões de PBL.

Amanha farei visitas domiciliares com a Dra. Assunção.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

VISITA AO CENTRO DE SAÚDE DE LAGOA

Olá a todos

Ontem fui ao Centro de Saúde do Município de Lagoa, que fica a uns 10 Km de Portimão. Acompanhei o Dr. Luis Felipe em atendimentos lá. A cidade possui cerca de uns sete mil habitantes, divididos em pequenos povoados (chamam de freguesias aqui). Além desse centro de saúde de Lagoa, existem mais seis centros de saúde, um em cada freguesia (conheci apenas o de Lagoa). Ao que me pareceu, a população em sua maior parte é de média a baixa renda.

O Centro de Saúde é muito bem organizado, o prédio foi inaugurado há pouco tempo (Vou tentar colocar fotos do centro). Possui um pequeno bloco de Urgências e Emergências (Como se fosse um pequeno PS, chamam de consultas abertas aqui), um bloco administrativo, um bloco com consultórios médicos e um para a enfermagem, com salas de procedimento. O país está passando por uma recessão econômica muito grande agora, não sei se têm acompanhado daí, e alguns funcionários do centro de saúde estavam questionando se é realmente necessário construir algo tão grande, vimos muitas salas subutilizadas. Palmas passará por construção de algumas unidades de saúde, cabe a pergunta: será que é necessário algo grandioso, que mais serve para propaganda política? Temos que cobrir as necessidades, e depois pensar em algo mais. Mas uma coisa é certa, as unidades de saúde de Palmas precisam de lugares próprios e bem estruturados (mas sem exageros).





Quanto às demandas, pude perceber que os motivos de consultas são muito semelhantes. Claro, atenção primária. Vimos casos de DM, HAS, lombalgias, criança febril, Polipatologias, depressão, etc. Crianças, Adultos, Mulheres e Idosos. O Dr. Luis não concorda com as subdivisões em dia do idoso, dia do hipertenso, dia das gestantes, das crianças, etc, falou que restringe muito a liberdade da pessoa buscar o seu médico quando quiser. Ele deixa sempre a agenda aberta. Mas há algumas unidades que funcionam como no Brasil, com grupos de DM, HAS, idosos etc (A unidade de Faro, que vou acompanhar a partir de segunda, é uma).  

Uma consulta me chamou particularmente a atenção. O paciente chegou com uma queixa X e se desenrolou a consulta. No final, quando o Dr. Luis deu espaço para ele se manifestar um pouco mais, surgiu aquela situação: by the way doctor... e apareceu o principal problema, uma depressão. O real motivo da consulta, a queixa X era secundária. Se o médico estivesse sem tempo, tocando serviço e sem paciência para escutar o doente, talvez o paciente saísse sem ter o seu principal problema resolvido.

Muito interessante a maneira como o Dr. Luis atende. Vi na prática muitos aspectos daquela aula teórica do semestre passado da Medicina Centrada na Pessoa. A própria disposição da cadeira do paciente, por exemplo: ele coloca a cadeira na lateral da mesa, próximo a ele. E vários outros aspectos ...

Hoje eu não tive atividade. (fui dispensado, rs.) Aproveitei para ir a Silves, uma cidade aqui perto, que tem um castelo medieval, bem bacana. Amanhã vou para Faro e a partir de segunda começo a acompanhar um centro de saúde lá. Espero ter a oportunidade de participar de uma reunião de PBL.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

UNIVERSIDADE DO ALGARVE

Olá a todos,

Ontem tive a oportunidade de conhecer o curso de Medicina da Universidade do Algarve. Assim como nós, ainda não formaram a primeira turma. O curso tem apenas três anos de idade e é o único da região sul de Portugal (todos os outros oito cursos situam-se do rio Tejo para o norte). Foi criado visando três aspectos: Ingresso apenas de graduados, aprendizado baseado em problemas (pure PBL) e base nos cuidados primários à saúde. Este último aspecto é bem forte, tendo os alunos exposição precoce e continuada no ambiente da Medicina Geral e Familiar (nossa MFC) desde o início do curso. O curso possui duração de apenas quatro anos. (Um detalhe, as reuniões de PBL acontecem em Inglês).

Todos os conhecimentos teóricos são adquiridos com o PBL, seminários e trabalhos científicos. Possuem uma série de laboratórios com modelos que simulam diversos aparelhos com diferentes patologias e várias situações clínicas em que os estudantes irão adquirir aptidões (não possuem sala úmida de anatomia ou laboratórios de técnica cirúrgica etc etc, aprendem tudo em modelos, muito bons por sinal. Fiquei encantado com um modelo em que se aprende oftlmoscopia, que simula através de slides as mais diversas alterações patológicas! seguem fotos deste modelo). As atitudes médicas, tão frisadas pelo Dr. Luis, são adquiridas com o acompanhamento precoce e contínuo nas clínicas de saúde. O prédio da universidade é bem novo e muito bem estruturado. O campus como um todo é bem estruturado, acessem o site da universidade.

 
A seleção para ingresso ao curso é feita por "mini entrevistas múltiplas" através de uma classificação onde se avalia os seguintes parâmetros: "Proficiência em Inglês, Aptidões cognitivas (abstrato, verbal e numérico), grau acadêmico, idade, trabalhos voluntários desenvolvidos e ser da universidade do Algarve"; cada um com seu devido peso (aspectos retirados de slides de uma apresentação do Professor Luis Felipe Gomes). Selecionam-se, então, 32 alunos anualmente. O que mais me chamou a atenção é a idade média dos acadêmicos; segundo o Dr. Luís, a última turma teve idade média de 29 anos. Conversei com um estudante, o qual relatou a experiência própria da grande diferença entre iniciar um curso com 17 anos e agora, com 30 (graduado em medicina veterinária). De fato, a mentalidade e a forma como se encara as coisas são totalmente diferentes.

Os dois primeiros anos do curso são voltados um pouco mais para a aquisição de conhecimentos, sendo que os estágios são mais curtos. No terceiro e quarto anos fazem estágios em Hospitais, na saúde pública e continuam acompanhando a Medicina Geral e Familiar, além das atividades já desenvolvidas desde o início já citadas.

Tive uma ótima impressão dos estudantes com quem tive contato. Muito interessados e ativos. Os acadêmicos produzem constantemente posters de alta qualidade científica (inclusive faz parte da avaliação), todos ficam expostos nos corredores do prédio (pude ver alguns).

Hoje acompanhei o Dr. Luís Felipe em consultas no Centro de Saúde de Lagoa, que fica a 10 minutos de Portimão. Amanhã relato.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

CONHECENDO LISBOA

Olá a todos,

     Os três primeiros dias de viagem eu fiquei em Lisboa, conhecendo a cidade. Destaque para: Praça Marquês de Pombal, Parque Eduardo VII, Largo da Graça, Igreja de São Vicente de Fora, Elevador de Santa Justa, Praça do Comércio, Sé de Lisboa, Castelo de São Jorge, Oceanário de Lisboa, Torre e Ponte Vasco da Gama, Mosteiro dos Jerônimos, Torre de Belém e Padrão dos Descobrimentos. A cidade é muito bonita.

     Tive a oportunidade de dividir quarto no albergue com um médico recém formado, residente em ortopedia, o Nuno. Estava em Lisboa fazendo um curso de atendimento pré-hospitalar. Conversamos um pouco sobre as diferenças entre a formação médica no Brasil e em Portugal. Em Portugal, os cursos tradicionais também são de sies anos (A exceção é o curso que irei conhecer em Faro, depois falamos dele).
     Após a graduação é obrigatório fazer residência. Claro, o acesso à residência é universal, tem vagas para todos! Os egressos fazem uma prova classificatória que determina a ordem de escolha para o programa que quiserem. Assim, o último colocado será o último a escolher e ficará com a vaga que sobrar.
     Fazem primeiramente um ano de residência comum, em clínica geral. Apenas após isso fazem a especialidade escolhida. Vejam bem, um ortopedista, assim como todas as especialidades, antes de tudo, é um clínico geral (Interessante). Portanto, médicos recém egressos não podem exercer qualquer atividade, apenas supervisionados por tutores.
     Uma contradição: O Governo de Portugal, na falta de médicos, contrata médicos de outros países para cobrir buracos sem exigir ser especialista. Como se o Governo fizesse contratos ilegais. ?????
     Em relação à quantidade de escolas médicas. Vamos lá...Portugal tem cerca de 11,5 milhôes de habitantes. Atualmente o país possui nove escolas médicas, uma para cada 1,3 milhões de pessoas. O Estado do Tocantins, com seus numerosos um milhão e pouco de habitantes, possui quatro escolas médicas, uma para cada 0,3 milhões de pessoas. O Brasil hoje está em segundo lugar em quantidade de escolas médicas no mundo, perde só para a Índia. Temos hoje aproximadamente 180 escolas, sendo cerca de 60% particulares. Detalhe, Portugal só tem escolas públicas. Segundo Nuno, já tentaram abrir escolas médicas privadas, mas a ordem dos médicos (nosso CFM/CRM) vetou visando qualidade do ensino. No tocantins temos uma escola pública que briga por espaço em serviços púlicos com mais três escolas particulares, que não possuem infra-estrutura para ensinar aos seus alunos, mesmo com uma mensalidade simbólica de três mil e tantos reais nos melhores casos. E ainda querem abrir mais um, piada. Triste realidade.

     Hoje, dia 19/10/11, visitarei a universidade do Algarve em Faro, que possui uma estrutura curricular e pedagógica um pouco diferente. Depois posto a minha impressão.

Grande Abraço
Iatan Rezende Mendonça

terça-feira, 18 de outubro de 2011

BOAS VINDAS

Olá a todos,
sejam bem vindos a este espaço. Aqui relatarei um pouco sobre a experiência desta visita que estou fazendo ao serviço de atenção primária à saúde em Portugal.

Eu sou Iatan Rezende Mendonça, acadêmico do nono período do curso de medicina da Universidade Federal do Tocantins. Esta visita faz parte do meu rodízio em Medicina de Família e Comunidade no Internato da UFT. Está sendo coordenada pelo Professor Flávio Dias Silva (Médico de Família e Comunidade, Professor da UFT, coordenador do módulo de MFC da UFT e coordenador geral do internato interinstitucional da UFT) e pelo Professor Luis Felipe Gomes (MD, EMGF, Professor auxiliar Convidado da Universidade do Algarve e Coordenador da Área de Medicina Geral e Familiar do Mestrado Integrado de Medicina). Serão um total de quatro semanas, divididas entre quatro locais: Portimão, Faro, Távira e Monchique. Tentarei trazer um pouco da experiência do meu dia-a-dia aqui.