sexta-feira, 4 de novembro de 2011

UNIVERSIDADE DO ALGARVE / SEMINÁRIO SOBRE OSTEOPOROSE

Olá a todos,

Hoje eu assisti a um seminário do Professor Luis Felipe sobre osteoporose na Universidade do Algarve com os alunos do primeiro ano de medicina. Um pouco diferente do convencional; não falou sobre o que é, o que causa, quais os tipos, como diagnostica, como trata, etc etc. Levou os alunos a uma reflexão crítica a respeito da osteoporose sob a ótica de dois conceitos: o da  “prevenção quaternária” (que é identificar os riscos de um paciente ser exposto a sobrediagnósticos, sobremedicalização e a intervenções desnecessárias e muitas vezes prejudiciais) e o da “disease mongering” (que, como a tradução do professor Luis para o português, é a propaganda da doença). Este último conceito é bem interessante. Cada vez mais os limites inferiores dos valores de referência estão sendo abaixados e, consequentemente, mais doentes estão sendo taxados e, numa lógica capitalista, mais remédios vendidos. Alguém deve estar lucrando? Fala-se em pré-doenças. Estão transformando estados que configuram fatores de risco em patologias. É o mercado se misturando com a ciência. Será qual fala mais alto?  ...  Antes de iniciar o seminário julgava que já sabia tudo sobre osteoporose, com o consenso na ponta da língua; ao final, sai com a ideia quase formada de que a osteoporose como entidade patológica não existe. E de fato, a osteoporose é uma condição inerente ao envelhecimento humano, que tem sua importância devido ao aumento do risco de fraturas. Mas a osteoporose não é o único fator de risco para fraturas, e se quer é o mais importante deles. Foram-nos apresentadas evidências científicas (confiáveis, não aquelas que laboratórios manipulam para venderem o seu peixe) que o tratamento desta condição não tem um bom resultado positivo para a prevenção das fraturas e, além disso, está associado a uma série de efeitos adversos, na maioria das vezes em maiores proporções do que o benefício. Portanto, o que mais me tocou nesse seminário foi a necessidade de se pensar esses conceitos apresentados no início do parágrafo e começar a questionar mais a fundo a validade científica de muitos consensos e medidas que se preconizam por aí.

Penso que seria uma grande oportunidade de todos assistirem a esse seminário, talvez por mais uma videoconferência. Algo a se pensar.

Semana que vem conheço o Centro de Saúde de Monchique.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

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