sábado, 12 de novembro de 2011

CENTRO DE SAÚDE DE MONCHIQUE

Olá a todos,


Esta foi a última semana da visita à Portugal. Acompanhei de segunda a quinta feira a Dra. Ana Paula no Centro de Saúde de Monchique, uma ótima pessoa e excelente médica.

A cidade de Monchique fica em uma região serrana à aproximadamente 25 km de Portimão. Possui cerca de sete mil habitantes, sendo a maioria idosos. É uma cidade pequena e muito pacata, portanto a população jovem tende a ir para sítios de maior movimento; com isso, a tendência da população da cidade é só diminuir e envelhecer. É bastante charmosa e possui uma forte vocação turística, como praticamente todo o Algarve. Seguem fotos da serra de Monchique.



O Centro de Saúde de Monchique funciona em um casarão de 1900 e tantos, onde antigamente funcionava um hospital. Portanto possui um espaço físico muito amplo. É composto por quatro equipes de saúde. Há constantemente residentes em Medicina Geral e Familiar e também acadêmicos da Universidade do Algarve. Os quatro médicos fazem a mesma carga horária já citada em relatos anteriores; entretanto, se organizam para que o centro de saúde funcione diariamente das oito horas as vinte horas. E, como o Dr. Luis Felipe em Lagoa, não separam a agenda para dias específicos de puericultura ou pré-natal ou ratreios e etc; deixam sempre as agendas livres para a demanda da população, o que garante maior acessibilidade dos doentes aos seus médicos de família. Seguem fotos do centro de saúde.






Foi o local da visita a Portugal que eu mais entrei em contato com pacientes e pude observar a maior diversidade dos motivos de consulta. Por exemplo, em um mesmo dia teve sutura, puericultura, gestante, revisão de parto, planejamento familiar, trauma em joelho, febre, etc etc; mais próximo do que é de fato é a Medicina Geral e Familiar Foi uma semana muito produtiva.

Por fim, gostaria de agradecer a algumas pessoas que tornaram essa experiência possível. Primeiramente aos professores Flávio Dias e Luís Felipe, que coordenaram a visita; agradecer profundamente ao professor Luís Felipe e sua esposa pela educação e maravilhosa recepção que tive, são pessoas muito queridas; à dra. Assunção Martinez, dra. Pilar, ao enf. José Vieira e aos demais funcionários da USF Ria Formosa; ao dr. Henrique Santos do centro de saúde de Tavira; aos professores Pedro e Isabel e aos acadêmicos da Universidade do Algarve; à residente em Medicina Geral e Familiar Catarina, que me recebeu tão bem em sua casa; agradecer também a dra. Ana Paula, que é uma pessoa muito especial, engraçada, receptiva, ótima médica e ainda por cima uma excelente guia de turismo; aos funcionários do centro de saúde de Monchique; e todos que também colaboraram de alguma forma. Essa visita possibilitou entrar em contato com diferentes formas de trabalho e de organização da atenção primária à saúde, contato com novas ideias, estabelecimento de contatos profissionais fora do Brasil e a observação das qualidades e defeitos do sistema de saúde visitado e, a partir disso, valorizar qualidades do sistema brasileiro e apontar defeitos com possíveis soluções.

É uma experiência única que eu aconselho à todos.

Foi um prazer.
Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

UNIVERSIDADE DO ALGARVE / SEMINÁRIO SOBRE OSTEOPOROSE

Olá a todos,

Hoje eu assisti a um seminário do Professor Luis Felipe sobre osteoporose na Universidade do Algarve com os alunos do primeiro ano de medicina. Um pouco diferente do convencional; não falou sobre o que é, o que causa, quais os tipos, como diagnostica, como trata, etc etc. Levou os alunos a uma reflexão crítica a respeito da osteoporose sob a ótica de dois conceitos: o da  “prevenção quaternária” (que é identificar os riscos de um paciente ser exposto a sobrediagnósticos, sobremedicalização e a intervenções desnecessárias e muitas vezes prejudiciais) e o da “disease mongering” (que, como a tradução do professor Luis para o português, é a propaganda da doença). Este último conceito é bem interessante. Cada vez mais os limites inferiores dos valores de referência estão sendo abaixados e, consequentemente, mais doentes estão sendo taxados e, numa lógica capitalista, mais remédios vendidos. Alguém deve estar lucrando? Fala-se em pré-doenças. Estão transformando estados que configuram fatores de risco em patologias. É o mercado se misturando com a ciência. Será qual fala mais alto?  ...  Antes de iniciar o seminário julgava que já sabia tudo sobre osteoporose, com o consenso na ponta da língua; ao final, sai com a ideia quase formada de que a osteoporose como entidade patológica não existe. E de fato, a osteoporose é uma condição inerente ao envelhecimento humano, que tem sua importância devido ao aumento do risco de fraturas. Mas a osteoporose não é o único fator de risco para fraturas, e se quer é o mais importante deles. Foram-nos apresentadas evidências científicas (confiáveis, não aquelas que laboratórios manipulam para venderem o seu peixe) que o tratamento desta condição não tem um bom resultado positivo para a prevenção das fraturas e, além disso, está associado a uma série de efeitos adversos, na maioria das vezes em maiores proporções do que o benefício. Portanto, o que mais me tocou nesse seminário foi a necessidade de se pensar esses conceitos apresentados no início do parágrafo e começar a questionar mais a fundo a validade científica de muitos consensos e medidas que se preconizam por aí.

Penso que seria uma grande oportunidade de todos assistirem a esse seminário, talvez por mais uma videoconferência. Algo a se pensar.

Semana que vem conheço o Centro de Saúde de Monchique.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CENTRO DE SAÚDE DE TAVIRA / EXTENSÃO DA LUZ DE TAVIRA

Olá a todos,

Terça-feira passada foi feriado em Portugal e, como bom brasileiro que sou, emendei a segunda e tive um feriadão prolongado... rs, brincadeira, foi involuntário, acreditem, não havia recordado do feriado. Então, aproveitei para conhecer a cidade de Tavira, que é uma cidade muito aconchegante.

Ontem, quarta-feira, eu conheci o Centro de Saúde (CS) de Tavira com o Dr. Henrique Santos. Como todos os outros centros de saúde que visitei até agora, também é muito bem estruturado (seguem fotos). Possui extensões como em Santo Estevão, Santa Luiza, Luz de Tavira, Balsa, e outras. As extensões são em vilas próximas à cidade que não possuem independência administrativa; são distritos de Tavira. O CS de Tavira possui os serviços de consulta aberta (que funciona como um pronto atendimento) e unidades de saúde pública (que envolve as equipes de saúde familiar). Os médicos atendem os pacientes do seu ficheiro no período da manhã todos os dias da semana e, em um dia à tarde, fazem Intersubstituição. Como já explicado em um “post” anterior, as consultas de intersubstituição são para cobrir eventuais faltas; ou mesmo quando algum colega não consegue atender toda a demanda; e para eventuais pacientes que procuram o serviço com problemas agudos. Acompanhei o Dr. Henrique em consultas de intersubstituição das 14:00 às 20:00 horas. Vimos um total de 20 pacientes. A agenda é dividida em um paciente para cada 15 minutos. Na prática, pelo que percebi, a intersubstituição funciona quase como um pronto atendimento, em geral usuários com patologias agudas. Dos 20 pacientes, por exemplo, teve um caso de suspeita de pneumonia; alguns pequenos traumas, como entorse de tornozelo; enxaqueca; intoxicação alimentar; abdome agudo, com suspeita de apendicite;  cólica renal; Lombalgia osteomuscular; criança febril; e consultas de rotina e vigilância em saúde do adulto. Os casos mais complicados e urgentes que necessitam de uma avaliação especializada são encaminhados para o Hospital de Faro (HF), como o caso do abdome agudo, por exemplo. O HF é o centro de referência do CS de Tavira (fica a uns 37 km daqui). 

CS de Tavira

CS de Tavira

CS de Tavira

Hoje conheci a extensão do CS de Tavira em Luz de Tavira, uma vila que dista 6 km da cidade e possui cerca de quatro mil habitantes (seguem fotos). Possui duas equipes de saúde da família, com dois médicos e seus respectivos enfermeiro e administrativo. Cada médico segue cerca de 1600 usuários. Segundo o Dr. Henrique, a maioria dos seus pacientes é idosa. Uma parte dos habitantes de Luz de Tavira é assistida no próprio CS em Tavira e, claro, existe outra sem médico de família. Como na USF Ria Formosa e na unidade que acompanhei no Brasil, o Dr. Henrique também separa a sua agenda com dias específicos para diabéticos, para vigilância de gestação de baixo risco, para puericultura e saúde infantil, saúde do adulto, etc. Segundo ele, as visitas domiciliares são raras, não tem demanda. Seguem fotos da extensão do CS de Tavira. O dia hoje na agenda do Dr. Henrique estava reservado para acompanhamento e vigilância de pacientes diabéticos e de pacientes para controle do INR em uso de Varfarina.

Extensão de Luz de Tavira. Apesar da faixada ser mais singela e da má aparência das pichações, o interior é grande, muito organizado e bem equipado.

Amanhã vou a Faro para assistir uma palestra do Professor Luis Felipe sobre osteoporose. Na próxima semana conheço o CS de Monchique.

Grande abraço
Iatan Rezende Mendonça